As Ruas literárias de Paraty - Flip 2019

Esse ano voltei a pegar a estrada rumo a festa Literária internacional de Paraty, já não mais como um marinheiro de primeiro viagem, mas ainda com o anseio de descobertas que fizeram eu incluir o evento em minha rotina anual de viagens e estudos.
Esse ano a festa oficial homenageou Euclides da Cunha, e obviamente, sua maior obra "Os Sertões" narrando um dos muitos genocídios cometidos em nosso solo e em nome da nação "brasileira".
Esse ano pude me organizar para ficar todos os dias da festa e meus 4 ambientes de trocas foram a Casa Fantástica, a Flipei, a casa Libre e a Casa poéticas Negras, alem da abertura do evento que sempre traz uma intervenção primorosa. 

CASA FANTÁSTICA

Na casa fantástica, organizada na unha e no amor pela Priscila (Presságio editora), como sempre trouxe uma grande programação com diversos temas, da ficção cientifica, ecologia, Horror, HQ e por ai vai. Esse ano fiquei feliz com a casa, por conhecer a escritora e editora Sabine Mendes e o escritor de Horror Hedjan, ambos negros, ampliando a diversidade que infelizmente no mundo da literatura fantástica e seus círculos, muitas vezes restrito e compactuante com o mito da democracia racial, nos legam a temas isolados e não nos incluem nos debates gerais. 
Desejo vida longa e prospera para essa casa!!!


Na Flipei encontrei meus amados amigos Emerson Alcalde e Andrio Cândido, escritores da zona leste de Sampa!



Na casa poéticas negras fui prestigiar as escritoras e amigas Catita, Mari e Esmeralda (Quilombhoje). 

FASCISTAS NA FLIP


Promovido pela Flipei, uma programação de editoras independentes, o barco pirata recebeu o jornalista Glenn Greenwald para falar de jornalismo em épocas de Lava Jato, o evento mais esperado da festa, sem dúvida. O medo de mais revelações sobre as tramóias e ilegalidades da lava jato e do ex juiz Sergio Moro levaram algumas pessoas a cometerem crimes contra as pessoas que assistiam o jornalista no bate papo. Fogos foram lançados em direção ao barco onde estava o jornalista, que só não foi atingido pela grande distancia entre as margens, depois os mesmo fogos de artificio foram projetados para nós que estávamos na platéia, e por fim, manifestantes foram para próximo do evento e colocaram fogo em bandeiras, assustando a todos. 
O hino brasileiro foi remixado em batida de funk e um discurso agressivo e cheio de ódio era gritado por algum "líder" desse grupo, que ao meu ver não eram todos moradores de Paraty, boa parte devia ter vindo para Flip gozar de seus privilégios culturais.


Um eventos de leitores?
Consegui me responder essa pergunta no domingo voltando pra sampa, e a resposta é NÃO. 
Foram 5 dias conversando, conhecendo gente, circulando em casa, procurando livros e o encontro foram em boa parte com outros e outras escritoras. Não que isso seja ruim, mas de fato talvez seja importante assumir que o evento tenha esse caráter, os talvez tenha e eu percebi só agora (risos). Ações para leitores e leitoras talvez tenham que ter uma atenção melhor para os próximos anos!
Confesso que ri de alguns espaços e eventos, onde cada escritor (a) queria se mostrar maior e mais lido que outros colegas, enfim... 
Outro ponto negativo da festa foi o maior numero de "patrocinadores", OPA, COMO ASSIM? ISSO É RUIM? calma XOVÉM, explico; Creio que pela alta demanda de produtores e produtoras que estão promovendo o circuito alternativo de casas da Flip, os custos subiram verticalmente, se tornando impossível coletivos independentes bancarem sozinhos, sendo assim, aproveitando o crescimento de possíveis clientes, investidores famintos "invadiram" diversas casas esse ano, poluindo visualmente alguns espaços e monopolizando algumas programações, mesas de venda de livros e por ai vai, e... os custos dos livros também subiram bem esse ano, talvez gerado por isso também.


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