A reivindicação da contemporaneidade por Basquiat e Spike Lee

Estive no RJ, no inicio de novembro e assim que cheguei amigos atentos aos movimentos culturais de plantão me avisaram que estaria rolando no Rio e em SP a mostra de Cinema "ACORDE - O Cinema de Spike Lee" e no Rio a exposição com varias obras de Jean Michel Basquiat. Fui nas duas, a do Spike Lee ainda continuei indo aqui em Sampa. A exposição das obras de Basquiat, já tinha rolado em SP, mas o dia a dia corrido me impediu de vê-la, como estava no Rio pra esse retiro cultural intenso, fui e enchi minha mente com cada pedaço da obra de Jean Michel.

Agora, porque digo que Lee e Basquiat reivindicam a contemporaneidade?


Spike Lee

Jean Michel Basquiat
Não irei aqui nesse post fast food (como os outros do blog srsrsr prometo que o dia que tiver atentos seguidores e seguidoras fies, escrevo paginas e paginas), dissertar a trajetória de ambos artistas e a contribuição deles para a identidade negra e artística norte americana e porque não dizer mundial, mas sim discorrer sobre o teor contemporâneo de suas obras; Basquiat marcante com seus traços simples e assimétricos, colagens e impressão de seus estudos, lazer e paranoias. Spike, metódico com suas introduções largas (com raras exceções) cheia de música e longas sequencias, seu time de atores e atrizes e a leveza com que ele descreve algumas idiossincrasias das comunidades negras norte americana e seus diversos desafios na dura tarefa de viver e sobreviver. Os temas em voga na suas respectivas épocas dão na minha opinião o diferencial de seus trabalhos e ascensão em suas  carreiras não só na sua comunidade raiz, mas no âmbito nacional e internacional.

A famosa tela com o herói da DC Flash, a arte em compensados e panos, os prédios queimados, a retórica comunicativa do Hip Hop foi pra Basquiat o que os filmes "Faça a Coisa Certa", "Garota 6" e "Verão do Sam" foram para Lee, a emergência de explorar aspectos, não romantizados de uma realidade vivida e conhecida por ambos!

As obras expostas da coleção Mugrabi, mostram o trabalho de Basquiat produzidas entre os anos 1978 a 1986, se fizermos um exercício de assistir os filmes de Spike lee gravados nessa mesma época, e na mostra desse período são em torno de 4 e 5 filmes sem contar os filmes gravados na década de 90 sobre os anos 70 e 80, veremos a congruência  dos anseios e cenários.

A reconstrução do homem (humanidade) negro/a não era a pauta de Lee e Jean Michel, e sim, a vasta analise artística e poética do contemporâneo, sem o esvaziamento de uma critica dos caminhos e imposições que levaram a atual situação narrada por ambos. Eles reivindicam a posição de narradores do AGORA, de dizer e contar o AGORA sobre seu próprio olhar e prisma.  

Os lustres e holofotes do mundo main stream e da cultura pop não ofuscaram a densidade da essência das obras de Basquiat e de Spike Lee, assista Malcom X, procure na internet a obra Procession, 1986 de Basquiat.

Por fim, esses dois grandes artistas negros mudaram o mundo em sua época, e continuam mudando, assinaram sua presença in loco no decorrer da história, não se submeteram aos esteriótipos e a imposição de que artistas negros vivem de um suposto "Atavismo" ou "resgate cultural", deixando os assuntos contemporâneos para artistas das elites e dos grupos de poder.

OBRIGADO BASQUIAT, OBRIGADO SPIKE LEE, vocês estiveram no mundo e marcaram a sua época não deixando que as paginas futuras contassem o que seus olhos viram, pelo contrario transformaram em grandes obras esses "Seus" olhares, que ai sim, transversalisarão a história.


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